Brasil precisa desenvolver ‘marca país’ para conquistar mercado externo

Consultora da Abit falou a empresários e profissionais da moda sobre panorama da indústria da moda no Brasil durante o Paraná Business Collection

clique para ampliar Geni Ribeiro, da Abit, fala a participantes do Paraná Business Collection (Foto: Rogério Theodorovy)

A indústria têxtil representa um enorme potencial para o Brasil. As 30 mil indústrias geram 1,7 milhões de empregos diretos e exportaram, em 2008, US$ 2,4 bilhões. Hoje, o país é o sexto maior produtor têxtil do mundo, é auto-suficiente na produção de algodão, produz 8,2 bilhões de peças de vestuário por ano, é o terceiro produtor mundial de malhas, o sexto de confecções e o oitavo de tecidos. “Os números mostram a dimensão de um setor com um enorme potencial a ser explorado por empresários que buscam tanto o mercado interno quanto o mercado externo”.

A avaliação é de Geni Ribeiro, consultora da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e do Vestuário (Abit), que apresentou nesta terça-feira (26), em Curitiba, um panorama da indústria da moda no Brasil a empresários e profissionais da moda, durante a terceria edição do Paraná Business Collection, evento de moda e negócios que acontece até sexta-feira (29) no Cietep, em Curitiba.

Na opinião de Geni, é necessário que o Brasil desenvolva uma “marca país”, que alie referências culturais e históricas, e seja um chamariz da produção brasileira para o resto do mundo. “A Itália é um exemplo bem sucedido de país que investiu em marca própria. Hoje os produtos italianos têm alto valor agregado e são reconhecidos mundialmente”, disse. “Não podemos mais apenas seguir as tendências e copiar o que é feito lá fora. É preciso fazer algo novo”.

Dados do Departamento Econômico da Fiep apontam que no Paraná as exportações do setor têxtil e vestuário tiveram uma variação de -18,51% no primeiro quadrimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2008.

Na avaliação de Ardisson Akel, presidente do Sindivest Curitiba, a queda nas exportações traduz a realidade brasileira, que trabalha com custos elevados de produção. “No sudeste asiático, Turquia e Leste Europeu a mão-de-obra é muito mais barata, o que aumenta a concorrência”, afirma Akel, que também coordena o Conselho Temático de Comércio Exterior da Fiep.

Para Akel, a pouca inserção no mercado externo deve-se, primeiro, à concorrência e, em segundo lugar, à pouca visibilidade das marcas paranaenses no exterior. “Estamos tentando criar o conceito de moda, fashion e estilo. Queremos fazer com que o Paraná seja reconhecido como centro produtor de moda. Visibilidade e conceito se traduzem em mercado, ou seja, melhorando a condição da marca, vamos agregar maior valor ao produto e, consequentemente, aumentaremos a exposição”, destaca, citando marcas paranaenses como Lafort, Lucia Figueredo e Osmoze, que são conhecidas no mercado nacional, mas não no internacional.

Apesar do cenário não tão otimista, há empresas paranaenses que estão exportando. A Canoa Brasil, empresa de moda praia e fitness de Curitiba, existe há quatro anos e destina cerca de 70% de sua produção a países como França, Inglaterra e Portugal. “Esse é o primeiro ano que estamos investindo no mercado interno. Nosso diferencial para conquistar a inserção no mercado externo é agregar valor ao produto, através de bordados e pedrarias exclusivos, além de estarmos atentos às necessidades do cliente”, afirma Juliana Ferline, proprietária da empresa.

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