Rocha Loures defende novo modelo de relação entre universidade e indústria

Presidente da Fiep afirma que é necessária uma mudança de cultura para que a inovação seja centro das políticas de desenvolvimento

clique para ampliar Rocha Loures: O grande desafio é adequar currículos e a cultura universitária para que formem estudantes em conformidade com o que precisamos atualmente (Foto: Divulgação)

O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures, defendeu nesta quarta-feira (19), no 3º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em São Paulo, um novo modelo de relação entre as universidades e a indústria como forma de estimular as empresas do País a inovar e colocar a inovação como centro das políticas de desenvolvimento. “O grande desafio é adequar currículos e a cultura universitária para que formem estudantes em conformidade com o que precisamos atualmente”, afirmou. Na avaliação do empresário, os programas acadêmicos de hoje são “impermeáveis”: “Falta um sistema que permita que os talentos se manifestem em sua plenitude. Esse é o modelo que propomos que seja revisto”, disse.

Rocha Loures, que é coordenador do Movimento Empresarial pela Inovação (MEI), foi um dos participantes da mesa-redonda “Inovação nas empresas: avaliações e perspectivas”, que contou ainda com a participação dos empresários Jorge Gerdau Johannpeter, da Gerdau; Luiz Fernando Furlan, da BR Foods; Cledorvino Belini, da Fiat; Michael Vale, da 3M; e Pedro Wongtschowski, do Grupo Ultra. No encontro, o presidente da Fiep afirmou que no Brasil, a inovação é o único caminho para podermos construir uma sociedade sustentável. “O País todo precisa ser inovador, pelo imperativo de se buscar o bem-estar de todos”, disse. “No Brasil temos um desequilíbrio entre a pesquisa básica e a aplicada. Falta pesquisa aplicada, daí a importância de envolver o setor produtivo neste debate. O órgão mais vocacionado para fazer pesquisa aplicada no Brasil é o Senai, onde a pesquisa se dá de forma compartilhada. O sistema público de apoio à pesquisa precisa ter a contrapartida do setor privado”, complementou.

O empresário também defendeu a ideia de o Brasil desenvolver uma competência em engenharia automotiva, uma vez que o País é um dos maiores produtores mundiais do setor. Rocha Loures afirmou ainda que o governo deveria se concentrar em um tema específico para consolidar o Brasil como liderança global. “O governo deveria investir no campo de energias renováveis, para se consolidar na liderança desta área. Seguindo nesse programa, poderíamos resolver a questão central, que é a da mudança climática. A ‘descarbonização’ da economia está na qualidade da matriz energética”, afirmou à plateia de cerca de 500 empresários que lotou o teatro do World Trade Center, na capital paulista.

Na opinião do empresário Jorge Gerdau Johannpeter, um dos líderes responsáveis pela popularização dos programas de qualidade e produtividade nas empresas brasileiras nas últimas décadas, o Brasil deve ter como meta ser inovador. “Nós queremos ser o País mais inovador do mundo. Quem não inovar, desaparecerá. Não inovar é a estagnação, e o maior signo da estagnação é a morte”, sentenciou.

A terceira edição do Congresso de Inovação na Indústria foi marcada ainda pelo lançamento do manifesto “Inovação: a Construção do Futuro”, lançado pela CNI e encampado por dezenas de empresas, entidades representativas e associações empresariais nacionais. O documento propõe um plano de ação a ser operacionalizado em 60 dias e fixa como meta a duplicação do número de empresas brasileiras inovadoras nos próximos quatro anos. O texto propõe, ainda, uma forte parceria entre os setores público e privado: “O MEI é também um convite ao governo para uma parceria estratégica. É um estímulo para que o governo fortaleça as ações em curso e deflagre, em conjunto com o setor privado, uma Iniciativa Nacional pela Inovação – INI. Ela consolidará o alinhamento entre área pública e área privada que aproximou a inovação da política industrial”.

“Só por meio do intenso e contínuo investimento em inovação é que a indústria brasileira terá condições de aumentar sua participação no mercado externo. Nosso esforço não é pequeno, mas é muito distante do que precisamos”, afirmou o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto. Segundo dados de 2007 da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico e do Ministério de Ciência e Tecnologia, o Brasil investe, anualmente, aproximadamente 1% do Produto Nacional Bruto em inovação. Metade desse valor é investido pelo setor público e metade pelo setor privado.

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