Cidades no centro do debate sobre mudanças climáticas

Painel promovido pela Fiep e Prefeitura de Curitiba reúne entidades que discutem o papel das cidades perante o aquecimento global

 As cidades deverão ser protagonistas no processo de desaceleração do aquecimento global e reordenamento da economia diante das mudanças climáticas, apontou o painel “O Papel das Cidades nas Mudanças Climáticas: Mobilização de Curitiba”, promovido nesta quinta-feira (22) em Curitiba pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) em conjunto com a Prefeitura Municipal de Curitiba. O evento reuniu representantes de entidades empresariais, de órgãos do poder público e da sociedade civil organizada para formular um conjunto de propostas da cidade a ser levada à Conferência Climática das Nações Unidas, que ocorre em dezembro em Copenhague, na Dinamarca.

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 “O Brasil tem condições de se posicionar globalmente como uma potência ambiental e energética, e se não avivarmos para isso agora, essa matriz pode se degenerar”, afirmou o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. O painel trouxe para debate a visão de entidades ligadas a temas ambientais, bem como de municípios e empresas interessadas no assunto. “As cidades precisarão ser repensadas. É necessário construirmos uma visão estratégica básica para lidarmos com os desafios climáticos em nossas cidades”, completou Rocha Loures.

 Na opinião do empresário, a manutenção do protagonismo mundial brasileiro no desenvolvimento de energias limpas depende de uma ampla mobilização da sociedade. “Devemos discutir o que empresários, universidades, a sociedade civil organizada e o próprio cidadão podem fazer. E as propostas para esse discurso devem ser debatidas até a conferência de Copenhague”, disse. “Queremos converter nossa cidade em uma cidade de classe mundial”, completou. “Curitiba há mais de 40 anos inseriu o ingrediente ambiental em seu planejamento. Agora, é importante que setores e poderes estejam unidos em nome de um desafio que é do mundo todo”, afirmou o secretário do Meio Ambiente de Curitiba, José Antonio Andreguetto.

O painel trouxe a Curitiba a professora da Universidade de Cincinnati, nos EUA, Carla Chifos, especialista em questões ambientais. Carla falou sobre como as cidades podem adotar iniciativas que reduzam substancialmente a emissão de gases nocivos ao efeito estufa: “A cidades podem ser boas para o meio ambiente reduzindo o uso de energia nos edifícios, aumentando as vias para deslocamento a pé, reduzindo o tráfego de veículos, aumentando o sequestro de carbono e construindo mais sistemas de energia eficiente”, disse. “É mais provável alcançar esses objetivos se as tarefas forem divididas.

A professora falou sobre a experiência da cidade de Cincinnati no combate ao aquecimento global, que criou o cargo de coordenador de proteção ao clima e desenvolveu forças-tarefa de proteção ao clima. “Listamos todas as ações concretas que poderiam ser tomadas e fizemos uma estimativa dos custos, para que o conselho municipal visse que as medidas eram possíveis”, contou. “Planejar a cidade é salvar o planeta. Queremos cidades limpas, verdes e frescas”.

O painel trouxe também a avaliação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) sobre como as mudanças climáticas estão afetando o Brasil. “O aquecimento é inequívoco. Todos concordam que o planeta está aquecendo”, afirmou o pesquisador do Instituto Celso von Randow. De acordo com von Randow, os impactos das mudanças climáticas no Brasil serão o aumento da temperatura média, mais ondas de calor e menos geadas, além do aumento da intensidade e frequência de dias de chuva intensa, ocasionando a proliferação de doenças tropicais. “O problema da redução de emissões de gases é crucial. Mas é mais fácil reduzir essas emissões no Brasil do que em outros países. O Brasil ainda pode ser um líder mundial em desenvolvimento sustentável”, concluiu.

 

 

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