A comunidade do bairro São Braz, em Curitiba, apresentou na noite desta quinta-feira (10), no Três Marias Clube de Campo, um projeto de desenvolvimento para a localidade. Foi durante o pacto pelo desenvolvimento local, que é uma das etapas de implantação do Projeto Político de Desenvolvimento das Cidades do Paraná, proposto pela Rede de Participação Política – uma iniciativa da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), em parceria com a Federação das Associações Comerciais e Industriais do Paraná (Faciap).
O evento reuniu moradores, empresários, representantes do poder público e de entidades envolvidas em ações voluntárias.
clique para ampliar Moradores conhecem ações de melhorias para o bairro (Foto: Mauro Frasson) |
O pacto teve como objetivo formalizar e divulgar o projeto elaborado pelos moradores e ainda apresentar uma agenda de ações para o primeiro ano de trabalho. Conforme explicou o professor e analista político Augusto de Franco, esta agenda é o primeiro passo de um plano de desenvolvimento para os próximos 10 anos.
“A iniciativa é excelente, é um caso único aqui no bairro dos moradores discutindo e fazendo um planejamento estratégico. Acho que este projeto deveria ser estendido a todos os bairros de Curitiba. Gostei bastante de participar e estou feliz com os resultados; toda a massa crítica do bairro está participando”, comentou o engenheiro civil Antonio Borges dos Reis.
Além disso, o encontro desta quinta serviu para que outras pessoas conhecessem a proposta e, de acordo com o interesse e área de competência de cada um, possam colaborar com as ações programadas.
Hoje tomei um conhecimento mais aprofundado sobre o projeto. É uma luta já antiga, mas é uma visão muito nobre de promover o desenvolvimento social. É promovendo a cidadania que você promove o desenvolvimento social, sem dúvida alguma. A ideia é boa. Acho que não se desenvolve de cima para baixo. A responsabilidade tem de ser passada para quem deseja a coisa. Não adianta só desejar, visivelmente você precisa trabalhar”, comentou o empresário, Antônio Carlos Pinto.
Cursos profissionalizantes para jovens, a preservação das nascentes na região, mais crianças atendidas pelas creches municipais e a implantação de um hospital público no bairro são algumas das prioridades dos moradores.
“Quanto mais moradores reunidos, o sucesso do projeto é certo. Inclusive quero entrar na comissão que vai tratar da questão da despoluição do rio, que corta o meu conjunto. Temos o sonho de despoluí-lo. É excelente a ideia (do projeto), não é reivindicar, é trabalhar por um sonho. Eu acho que a gente vai chegar lá, é um sonho que será realizado com certeza”, disse a presidente do Conjunto Residencial Saturno no São Braz, Wanda Morais.
clique para ampliar O presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, conversou com os moradores do São Braz (Foto: Mauro Frasson) |
Na opinião do presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures, este processo que envolve os tripés da sociedade, liderado pela comunidade, mostra que uma nova política é possível.
“Uma política pública e resgatando o verdadeiro sentido da palavra. Política vem de polis – assuntos das cidades. O conceito foi desvirtuado e passou a servir de grupos de interesses, setores, quando não a projetos pessoais. E o resgate se dá através da interação, da mobilização, da participação, dar nosso lado de cidadão. Todos nós temos esse lado social e uma forma de exercitar isso em sua plenitude é participando de movimentos de desenvolvimento local”, destacou Rocha Loures.
Para o empresário Rubens Genaro a iniciativa é um salto de qualidade, fazendo com que as pessoas não dependam exclusivamente do poder público para melhorar a qualidade de vida. “Esse tipo de ação dá ao oprimido a oportunidade de liberta-se, ou seja, de interagir, de propor-se, de especular e projetar-se na sua comunidade, no seu entorno. É um projeto mãos à obra”.
O diretor presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento, Juraci Barbosa, representou o prefeito Beto Richa e disse que algumas ações indicadas no projeto estão sendo contempladas pelo município.
Osmar Bertoldi, deputado estadual pelo DEM, acredita que “esse trabalho é muito importante porque se elenca uma ordem de prioridades; a comunidade organizada tem uma chance de viabilidade muito maior. Vejo num futuro muito próximo que a comunidade vai estar colhendo os frutos daquilo que está se plantando hoje. Isso é maravilho para a cidade. É fundamental todos envolvidos numa mesma coisa pelo bem comum”.
“O governo não pode administrar sozinho, somente o morador do bairro é que conhece a fundo as necessidades do local”, acrescentou o vereador Aldemir Manfron (PP).
Perfil
O bairro foi denominado São Braz em virtude da grande devoção dos seus moradores a esse Santo. O cultivo de cereais e a criação de suínos e bovinos constituíam as principais atividades desenvolvidas pelas famílias que ocupavam as únicas quatro extensas chácaras da região. Assim foi até meados de 1970, quando as chácaras começaram a ser loteadas, mudando a característica de colônia agrícola para integrar-se à malha urbana em expansão.
Com 23 mil habitantes, segundo dados do IPPUC (Instituto de Pesquisa Planejamento Urbano de Curitiba), o bairro possui uma área de 5000 m² e tem delimitação como ponto inicial a confluência da Avenida Vereador Toaldo Túlio e a Rua José Tomasi. O São Braz tem sete praças, três escolas estaduais e duas municipais, 141 indústrias, 584 unidades de comércio e 371 de serviços. Os habitantes do bairro representam 1,46% da população de Curitiba e 61,7% desses moradores são economicamente ativos.
No Paraná
Ao todo são 38 localidades no estado, abrangendo mais de 200 mil habitantes, que promovem um novo espaço de interação em busca de um lugar melhor para viver. O projeto de desenvolvimento já foi implantado ou se encontra em fase de implantação nos municípios de Curitiba, Ponta Grossa, Maringá, Londrina, Guarapuava, Reserva do Iguaçu, Pinhão, Paranavaí, Campo Mourão, Cascavel, Toledo e Marechal Cândido Rondon.