As cidades precisam de mais população no gabinete e prefeitura na rua

Um dos maiores pensadores da web, o americano Steven Johnson, defende mudança radical de paradigma na administração pública

Ele é considerado um dos maiores pensadores da web na atualidade. E tem muito a dizer: o americano Steven Johnson, formado em semiótica e literatura inglesa, já escreveu seis livros analisando a relação entre cérebro, ciência, tecnologia e comportamento. Uma das estrelas da Conferência Internacional de Cidades Inovadoras – CICI2010, Johnson falou na noite de quinta-feira (11) sobre o tema “Cidades funcionam como organismos vivos” – também o assunto central de sua mais nova obra, que será lançada no segundo semestre.

Para escrever seu livro, onde fala de inovações nas cidades, Johnson pesquisou padrões de vida e comportamento de sistemas biológicos e culturais. Encontrou, também, paralelos e similaridades que refletem o momento “tremendamente excitante” que a humanidade vive, com o florescimento constante de novas tecnologias.

Segundo ele, sistemas vivos como o da mata atlântica têm muito a ensinar para a vida em sociedade, especialmente em núcleos urbanos – e a forma de interação que deve ser adotada a partir de novos paradigmas.

Johnson defende uma mudança de mentalidade, entre o que ele chama de “top-down”, de cima para baixo, para “down-top”, que é o oposto. O exemplo disso numa cidade é o gabinete do prefeito ouvir os moradores de um bairro. “Eles é que são experts no que acontece na vizinhança”, observa. O desafio, portanto, é promover essa mudança de mentalidade entre prefeitos e administradores públicos. Porque, de acordo com ele, mesmo os sistemas participativos necessitam de líderes e organizações – como se vê nos sistemas biológicos que o especialista analisou para o livro.

Esta é a segunda vez que Johnson vem ao Brasil. Em fevereiro, o escritor, que vive no Brooklyn, em Nova York, participou da Campus Party em São Paulo – experiência que afirma ter adorado. Naquela ocasião, Johnson falou com os campuseiros sobre o livro “O Mapa Fantasma – como a luta de dois homens contra o cólera mudou o destino de nossas metrópoles”. A obra é um bom exemplo de como o especialista analisa fatos da humanidade sob a ótica de uma nova ordem, onde a participação e a colaboração são essenciais para gerar transformações.

Naquele livro, o escritor mostra que a solução para a epidemia surgiu quando “dois homens cruzaram dados sobre as vítimas” – uma analogia com o que ocorre atualmente na web, quando programas fazem o cruzamento de diversos dados e mapas, produzindo novas informações.

 

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