Esta pergunta, aparentemente simples, certamente será respondida por todos nós mais ou menos da seguinte maneira: para produzir roupas, móveis, calçados automóveis e chocolates, por exemplo.
Produtos úteis que proporcionam sustentação biológica, conforto e facilidades para as pessoas enfrentarem o seu dia a dia e desfrutarem dos prazeres da vida. Mas esta resposta é limitada pois ela não revela a essência do papel da indústria na sociedade.
A indústria é composta de 550 mil pequenas, médias e grandes empresas espalhadas em todas as regiões, gera 10,5 milhões de empregos diretos e uma massa salarial anual de R$ 180 bilhões, que correspondeu a 6% do PIB em 2008, conforme dados do IBGE.
A indústria “produz” anualmente R$ 118 bilhões de impostos federais e R$ 113 bilhões de impostos estaduais, conforme o IBGE, que são carreados para os governos que devem transformá-los em investimentos nas escolas, hospitais e estradas, dentre outros.
Mas a nossa indústria produz mais do que tudo isto. Ela “produz” trabalhadores qualificados e empreendedores habilidosos que transformam conhecimento e trabalho em mais riqueza para a sociedade.
Também proporciona o surgimento de lideranças corajosas capazes de enfrentar altos riscos para garantir a produção continuada de roupas, móveis, calçados, automóveis e chocolates. Aqui no Brasil.
No entanto, o peso político do nosso segmento não tem correspondido à importância do setor industrial. Somos economicamente fortes e indispensáveis para o funcionamento da sociedade, mas politicamente frágeis.
Ainda não conseguimos sensibilizar a classe política e os governos para que acolham e encaminhem de forma eficaz grande parte dos nossos pleitos.
No meu entendimento o poder político dos empresários só vai aumentar na medida da sua maior participação nas suas entidades representativas e na política em geral.
E este é um momento privilegiado para que possamos avançar nesta direção tendo em vista que se aproximam as eleições, período em que estarão em jogo os nossos destinos.
Nossa mobilização é crucial neste momento. Não podemos continuar clamando no vazio nos próximos 8 anos pelas reformas política, do estado, tributária e trabalhista; pela queda nos juros; por um câmbio equilibrado e pelo estancamento do processo de desindustrialização.
Sabemos todos que o efetivo enfrentamento desses desafios é indispensável para proporcionar às nossas empresas o destravamento da produção e mais eficiência e produtividade para o enfrentamento dos concorrentes globais.
E também para que a nossa desgastada democracia possa ser aperfeiçoada e se transforme em mais justa.
Do contrário vamos ter de nos conformar com um país especializado em produtos primários e commodities, com uma democracia pouco representativa e corporativa e com um estado burocratizado e com altos níveis de corrupção.
Mas o nosso sonho de Brasil nos impede de aceitar este cenário.
Rodrigo da Rocha Loures é presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES)