País precisa de política nacional de mineração

Na abertura do 3º Seminário Mineral do Paraná e da Expominerais, presidente do IBRAM defendeu a necessidade de mais investimentos em investigação geológica

clique para ampliar clique para ampliarO presidente do IBRAM pediu mais políticas de fomento ao setor (Foto: Gilson Abreu)

Durante a abertura do 3º Seminário da Indústria Mineral Sustentável do Paraná, na noite de quarta-feira (25), em Curitiba, o diretor presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Paulo Camillo Vargas Penna, criticou a falta de políticas públicas que incentivem a investigação geológica no País. Segundo Penna, esse é um dos principais entraves que impedem o pleno desenvolvimento da atividade mineradora no Brasil, dificultando a concorrência com outros países produtores. O Seminário é promovido pelo Conselho Setorial da Indústria Mineral da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e segue até esta sexta (27). O evento acontece no Expo Unimed, em Curitiba, dentro da programação da 1ª Expominerais – Feira da Indústria Mineral.

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Segundo Penna, os investimentos em investigação geológica no Brasil vêm crescendo, tendo passado de cerca de US$ 80 milhões para US$ 500 milhões em seis anos. “Foi um salto significativo, de mais de 500%, mas é muito pouco perto dos outros países com os quais o Brasil compete no mercado internacional”, disse o presidente do IBRAM, entidade que congrega 182 empresas, responsáveis por 85% da produção mineral brasileira. “Falta uma política nacional de mineração, o que inibe terrivelmente a nossa capacidade de aumentar a investigação geológica no País. Há a absoluta necessidade de se estabelecer políticas de fomento e de crédito para que essa indústria possa crescer no Brasil”, acrescentou.

Crescimento que, de acordo com Penna, resultaria em um forte desenvolvimento econômico para o País. “Para cada emprego gerado na indústria da mineração, são gerados em média outros 13 empregos ao longo das diversas cadeias produtivas. A mineração tem uma grande capacidade de se articular com outras atividades econômicas, como a indústria da construção civil, a indústria automobilística e outras indústrias que possuem grande capacidade para gerar empregos, renda e impostos”, justificou. Além disso, o presidente do IBRAM citou a importância da mineração para o equilíbrio das contas do Brasil. “O setor mineral responde hoje por mais de 60% do saldo da balança comercial brasileira, tendo uma contribuição fundamental no comércio exterior”, disse.

Seminário

Para Paulo Camillo Vargas Penna, eventos como o 3º Seminário da Indústria Mineral Sustentável do Paraná são importantes para que o setor debata assuntos que o afetam diretamente. “O seminário ajuda a conhecermos nossas potencialidades e nossas fraquezas e debatermos com profundidade como avançar. E vem a bom tempo, no momento em que o Brasil discute novos marcos regulatórios da mineração e no momento em que a mineração brasileira cresce de maneira significativa”, diz.

clique para ampliar clique para ampliarO coordenador do Conselho setorial, Cláudio Grochowicz, fala rurante abertura do evento (Foto: Gilson Abreu)

O coordenador do Conselho Setorial da Indústria Mineral da Fiep, Cláudio Grochowicz, ressaltou durante a abertura que o seminário, além de debater questões fundamentais para o setor, tem ainda o objetivo de mostrar à sociedade a importância da mineração para o Estado. “A mineração no Paraná é bastante rica em diversas áreas. Somos grande fornecedor de matérias primas minerais, contribuindo principalmente no setor da agricultura, na área dos corretivos de solo, no caso do calcário. Produzimos ainda areia, brita, cimento, xisto e cerâmica vermelha, com tijolos e telhas, entre outros minerais. Então, estamos presentes na vida de cada cidadão paranaense com os produtos minerais que extraímos”, afirmou.

Atualmente, existem cerca de 2,1 mil empresas do setor em todo o Estado, que empregam em torno de 21 mil pessoas, sendo que a maior concentração de indústrias é na parte Norte da Região Metropolitana de Curitiba, com a produção de cal e calcário. Segundo Grochowicz, o Paraná produz em torno de 20% do calcário agrícola do Brasil, 24% da cal para construção civil, 15% do cimento e 10% das louças sanitárias e cerâmica branca.

Além de destacar a relevância da indústria mineral para a economia, Grochowicz afirmou que o Seminário e a Expominerais pretendem também chamar a atenção dos empresários do setor. “Temos o objetivo de sensibilizar os empresários sobre sua responsabilidade para o exercício das suas atividades de uma forma sustentável”, declarou.

Quem também falou sobre a responsabilidade ambiental que deve permear o trabalho dos mineradores foi Eduardo Salamuni, presidente da Minerais do Paraná (Mineropar), empresa ligada ao governo do Estado. “Estamos cientes da grande polêmica que envolve a atividade mineral em qualquer parte em que ela se desenvolva. Mas hoje não se deve admitir a atividade mineral que não tenha como foco a recomposição ambiental do sítio onde está sendo desenvolvida. Não há mais desculpa possível para isso em face da tecnologia disponível, que permite a mitigação de impactos”, afirmou.

Organização setorial

clique para ampliar clique para ampliarVessani, da CNI: setor precisa defender seus interesses (Foto: Gilson Abreu)

Fechando a programação do primeiro dia do seminário, o coordenador adjunto da Comissão Especial de Mineração da Confederação Nacional da Indústria (CEM/CNI), Luis Antônio Vessani, falou sobre a importância da organização setorial para defesa dos interesses do segmento. “A indústria mineral é extremamente importante para a sociedade, para o setor produtivo e para a indústria, mas também encontra inúmeras dificuldades legais, especialmente na questão ambiental e do marco regulatório, que é o novo código que se está se propondo para o setor. A visão atual do governo é muito intervencionista e achamos que isso é perigoso para um setor de alto risco, que depende de investimentos privados e de maturação. Então precisamos nos organizar para defender nossos interesses”, explicou Vessani.

Segundo ele, o Paraná é um Estado que já possui uma boa organização no setor mineral. “Esse modelo de representação que existe no Paraná e que é muito bem sucedido também em estados como Bahia, Goiás e São Paulo, vamos procurar disseminar via federações do Brasil inteiro e congregar em uma central que é a CNI”, disse.

A programação do 3º Seminário da Indústria Mineral Sustentável do Paraná segue nesta quinta-feira (26), a partir das 18h30. Os palestrantes da noite serão o professor José Manoel dos Reis Neto, do Departamento de Geologia da UFPR; e Claudio Scliar, secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia (MME). Na sexta (27), acontecem mais duas palestras.

Feira

Já a Expominerais segue até sábado (28), com uma feira técnica para apresentar ao público profissional e consumidores do segmento as novidades sobre a indústria extrativa e seus fornecedores de produtos, serviços e tecnologias. No total, são 51 expositores, a maioria fornecedores de equipamentos e serviços para o setor, que ocupam uma área de 5,5 mil metros quadrados. O Sistema Fiep está com um estande na feira, em que os sindicatos da indústria mineral do Paraná poderão divulgar seus serviços às empresas do setor. Além disso, no estande haverá a divulgação dos produtos e serviços que o Senai e o Sesi oferecem às indústrias de extração mineral.

Sistema Fiep - Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná
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