Empreendedorismo é a saída para combater a miséria.

Na verdadeira “corrente do bem”, defendida por Fernando Dolabela, crianças estão transformando a realidade a partir de sonhos.

O educador Fernando Dolabela demonstrou aos participantes da CICI2011 que o empreendedorismo é a forma mais assertiva de combater a miséria e gerar riquezas. Ao apresentar o tema “Educação empreendedora para cidades inovadoras”, Dolabela quebrou paradigmas e, de certo modo, causou um daqueles tipos de desconforto que provocam reflexões na plateia.

Empreender, para o educador, é um potencial que nasce com todos, mas é fortemente inibido pelo sistema desde que as crianças entram na escola, assim como pelos pais. “Empreendedorismo não é só educação, mas envolve ética e coletividade. Se subtrai valor, é um empreendedorismo do mal, como a Costa do Sauípe. Não adianta só atrair dólar e euro, mas é preciso que a comunidade local seja contemplada com os resultados. Ali a comunidade foi banida”, denunciou.

Autor do livro “O Segredo de Luísa”, Dolabela implanta o conceito de educação empreendedora em várias partes do país. Em Londrina, no norte do Paraná, seu projeto pedagógico envolve duas mil escolas públicas, o que representa 2,8 mil professores que multiplicam o conhecimento em um novo ambiente de aprendizado para 34 mil alunos. A sala de aula, disse ele, é o ambiente que proporciona vivenciar o mundo sob nova ótica.

Hierarquia, a inimiga – Ali, o professor não dá resposta, apenas articula, obedecendo a critérios diferentes da escola tradicional. O educador não transfere conhecimento, mas estimula o autoconhecimento, a hierarquia é inimiga da criatividade e da inovação, enquanto as emoções até então reprimidas pelo modelo industrial começam a aflorar para derrubar o mito de fragmentação do ser humano. “A ruptura de emoções traz conseqüências drásticas, porque ser fragmentado entre uma parte que trabalha e outra que se emociona é o que o sistema fez conosco a vida toda”, contou.

Ao interrogar a criança e o jovem sobre a construção de um sonho de execução possível pela comunidade, explicou, o grande resultado não é construir uma nova cidade, mas fazer com que as crianças sintam que é possível transformar o sonho em realidade.

A metodologia de Dolabela também envolve a comunidade. Depois de determinados os sonhos coletivos das turmas, o próximo passo é reunir os sonhos exeqüíveis e levá-los ao conselho escolar, que conta entre seus representantes professores, pais e líderes comunitários. “Esse é um olhar novo, da periferia para o centro. Começando com o sonho de uma criança, podemos atingir o sonho comum a 150 mil pessoas.”

Steve Jobs não seria trainee – Segundo ele, o mundo mudou e os meios educacionais tradicionais já não acompanham as necessidades dos jovens de hoje. “Steve Jobs não seria trainee nunca e imaginem Bill Gates, que fugiu da escola aos 17 anos, recebendo os conselhos dos pais para voltar a Harvard. Não teríamos a Microsoft. E se Bill Gates estivesse no Brasil seria dono de uma Microsoft bonsai e estaria na garagem até hoje porque aqui não se estimula o empreendedorismo”,

Provocante nas colocações, Dolabela disse que o empreendedor é o especialista que não existe e que a educação básica deve impedir que as iniciativas empreendedoras sejam tolhidas. “É preciso impedir que se coloque a tampa na garrafa”, afirmou.

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