O recurso hídrico é ainda a melhor alternativa para a geração de energia elétrica e o Brasil, privilegiado em volume de águas, deve aproveitar plenamente esse potencial, segundo o especialista Maurício Muller, diretor de Operações do Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (Lactec). Ele proferiu a primeira palestra do VI Congresso Internacional de Bioenergia, que acontece no Cietep, em Curitiba, e foi aberto oficialmente na noite de terça-feira (16).
Promovido pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Senai Paraná e a Remade, sob a coordenação técnica da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o Congresso reune empresários, técnicos, pesquisadores e profissionais de diversas áreas para debater temas importantes em todo o mundo, como biodiesel,energia renovável, resíduos vegetais, carbono e legislação ambiental.
Participaram da solenidade de abertura o diretor regional do Senai, João Barreto Lopes; do vice-governador do Maranhão, Washington Luiz de Oliveira; do secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Alípio Leal; do coordenador do Congresso, Clovis Rech; do deputado estadual e coordenador da comissão de ecologia e meio ambiente da Assembléia Legislativa, Luiz Eduardo Cheida, e da representante da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Leny Zaniolo.
Desafios e oportunidades – Na sua palestra sobre “Energias renováveis: desafios e oportunidades”, Maurício Muller lembrou que nenhum país desenvolvido deixou de aproveitar seus recursos hídricos para gerar energia limpa, até mesmo os de território pequeno, como o Japão. “É uma alternativa altamente viável, porque gera grandes quantidades de energia, porque a fonte de geração pode ser armazenada e existem tecnologia e estrutura de distribuição”, afirmou Muller.
Segundo ele, o desafio da energia, renovável ou não, é a questão do armazenamento e distribuição. Das energias renováveis, a eólica se torna alternativa cada vez mais madura, inclusive com equipamentos a preços mais acessíveis. “Mas há a questão do ruído e do impacto sobre a fauna e o ambiente da área de abrangência do parque eólico. É, portanto, para o Brasil, uma alternativa complementar, que vem aumentando sua parcela ao longo dos anos”, disse Muller.
A energia solar esbarra na questão do armazenamento e distribuição. Além disso, no Brasil, não são todas as regiões onde a incidência solar é suficiente para gerar energia durante todo o ano. Já a biomassa, oriunda da cana de açúcar ou da madeira, é uma boa opção para as indústrias, que podem gerar sua própria energia e colocar excedentes no mercado. “O desafio da energia da biomassa é a sazonalidade biomassa. As indústrias precisam armazenar para ter a garantia de disponibilidade do bagaço da cana e da madeira durante todo o ano”, explicou.
Boa prática – Ao abrir o evento, o diretor regional do Senai – PR, João Barreto Lopes, falou sobre a iniciativa conjunta da entidade e a Prefeitura de Paranaguá para a construção da primeira Usina de Biodiesel a base de óleo de fritura usado e a primeira no Brasil com aplicação prática na comunidade.
“O impacto para o município é muito positivo, pois retira material poluente do meio ambiente e gera biodiesel para movimentar veículos oficiais”, contou Barreto. “O empreendimento é uma viva demonstração da participação do setor industrial, que mantém o Senai, na busca de energias alternativas e projetos de impacto socioambiental”, disse ele.
O secretário de Ciência e Tecnologia, Alípio Leal, lembrou que o Paraná possui fundo de apoio à pesquisa, desenvolvimento e inovação, que pode financiar projetos incluídos no eixo definido como prioritário pelo Governo do Estado. “A questão da bioenergia está incluída neste eixo e projetos nesta área podem receber o apoio do fundo”, afirmou ele.