Publicado nos principais jornais do Paraná, em 27 de outubro de 2013
Há tanto tempo se diz que o Brasil é o país do futuro que já virou até lugar-comum falar do enorme potencial de crescimento da economia nacional. Que temos todas as condições para nos desenvolver, ninguém mais discute. Assim como já são públicos e notórios os obstáculos que o país precisa superar para se tornar uma nação desenvolvida. O que falta, porém, é ação. Uma ação séria e efetiva, que faça com que o Brasil ocupe, nos rankings internacionais de competitividade, uma posição compatível com o tamanho de sua economia e, principalmente, de seu potencial.
Hoje, segundo pesquisa do Branco Mundial abrangendo 174 países, o Brasil é o 130º colocado entre as nações com melhores ambientes para negócios. O cruzamento com outro levantamento, da Transparência Internacional, deixa claro um dos motivos para a posição medíocre ocupada pelo país: a corrupção. No Índice de Percepção da Corrupção, o Brasil é apenas o 69º colocado. Provando a tese, nas primeiras posições dos rankings de competitividade estão países com baixo índice de corrupção.
O desvio de recursos é um movimento silencioso presente em todas as esferas do poder público brasileiro – em muitos casos também no setor privado –, sufocando nossa sociedade. Vários motivos contribuem para isso. A burocracia é um deles. Outro é a carga tributária elevada, somada ao seu elemento causador – a sustentação de um aparato estatal gigantesco e, por vezes, ineficiente. Segundo o Ipea, os tributos já respondem por 35,5% do PIB. Por fim, temos um sistema político e partidário que dá fôlego para a corrupção.
Mas é preciso analisar em profundidade outro componente: não existe corrupto sem que haja um corruptor. Via de regra, casos de corrupção e desvios de recursos públicos sempre têm o envolvimento de pessoas, empresas ou organizações interessadas em levar vantagens ou pelo menos não serem prejudicadas em um mercado cada vez mais concorrido.
Os empresários e as corporações não podem se conformar com tal situação e, muito menos, adotar o erro como regra. É necessária uma postura mais efetiva. O meio empresarial deve entender sua alta responsabilidade na questão da corrupção, seja prevenindo a prática pelas empresas, seja pressionando o poder público para que encontre soluções para o problema.
Para mobilizar o empresariado em relação ao tema, o Sistema Fiep, através do Sesi, promove nos dias 5 e 6 de novembro, em Curitiba, o Fórum Transparência e Competitividade – A corrupção não pode passar em branco. Realizado em parceria com o Instituto das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa (Unitar), o evento vai reunir empresários, academia, representantes de entidades nacionais e internacionais que atuam no combate à corrupção e de órgãos públicos de fiscalização e controle, para discutir o papel das empresas na prevenção e combate a essa prática.
Com isso, o Sistema Fiep espera dar sua contribuição na busca por mecanismos eficientes para minimizar o impacto da corrupção na competitividade da economia brasileira. Como dizem as Sagradas Escrituras, bem-aventurado é o homem a quem o Senhor não imputa maldade (Salmo 32:2). Da mesma forma, creio que bem-aventurada é a nação livre do mal da corrupção, em condições para aproveitar ao máximo seu potencial e garantir seu pleno desenvolvimento econômico e social.
Edson Campagnolo
Presidente do Sistema Federação das Indústrias do Paraná