Em um ambiente econômico veloz, conectado e absolutamente globalizado, os desafios do aumento da competitividade com sustentabilidade nas organizações, de todos os portes e setores, nunca foram tão complexos. Os empresários percebem que, a qualquer momento, uma nova proposta de valor pode definitivamente surgir de qualquer lugar do mundo, instalar-se, e ameaçar a própria sobrevivência de um negócio que se pensava bem estabelecido e protegido de qualquer entrada inesperada de um substituto. O fenômeno de “comoditização”, com seu ônus de concorrência exclusiva por custos e sua inexorável dependência das flutuações da economia global, invade hoje o cotidiano de empresários que, até então, atendiam mercados específicos de uma forma que parecia diferenciada. No ambiente de negócio deste começo de século, o aumento constante da produtividade, da competitividade e da sustentabilidade são as três agendas-chave que ocupam o coração do pensamento estratégico das empresas. Para responder de forma contínua e sistemática a esses desafios, torna-se vital ter uma capacidade de constante diferenciação, ou seja, de inovação.
A inovação, por sua vez, é muito mais do que ciência, tecnologia ou mesmo patentes. Inovar consiste em transformar, de forma sistemática e estratégica, conhecimentos novos em resultados de negócio. Não se pode falar em inovação sem que se possam medir resultados efetivos de lucratividade para um determinado negócio. De outro lado, para aumentar a geração de resultados, inovar não consiste em fazer mais do mesmo, mas sim, em incorporar ideias e conhecimentos novos, quer nos produtos ou nos processos de uma empresa, para obter resultados superiores que sejam valorizados pelos clientes da organização.
Para inovar de forma constante, as organizações necessitam dominar duas disciplinas essenciais: a cultura e os processos de inovação. A cultura de inovação consiste em criar um ambiente de constante diálogo com o conhecimento novo, interna e externamente com as universidades e centros de pesquisa, para permitir a emergência de oportunidades de inovar. Os processos de inovação consistem em planejar e executar de forma profissional projetos de incorporação desses conhecimentos úteis nos produtos e processos da empresa.
O cooperativismo traz na sua identidade todos os ingredientes necessários ao desenvolvimento sistemático da inovação. Efetivamente, cooperar é “agir de forma simultânea e coletiva com outros, para o mesmo fim, ou trabalhar juntos para o êxito de um mesmo objetivo ou propósito”, o que significa que as cooperativas, necessariamente, irradiam por meio dos seus valores os comportamentos fundamentais do diálogo e da aprendizagem colaborativa, absolutamente essenciais ao processo de inovação. A ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade são, em última análise, profundos valores humanos, gerando parcerias éticas em que todas as partes crescem em suas interações no todo. Nesse sentido, as cooperativas possuem, portanto, ao mesmo tempo, a grande oportunidade e o desafio renovado de dar um novo salto histórico em termos da sua importância para a economia nacional, em prol da competitividade e da sustentabilidade por meio da inovação.
Por Filipe Cassapo, gerente do Senai Centro Internacional de Inovação