

Uma solenidade em Curitiba, na noite desta segunda-feira (23), fechou as comemorações da Semana da Indústria 2016, promovida pela Federação das Indústrias do Paraná (Fiep). A celebração foi marcada por homenagens a mais quatro empresários com a medalha do Mérito Industrial e o título de Benemérito da Indústria.
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“Esta talvez tenha sido a Semana da Indústria mais concorrida e mais celebrada”, afirmou o presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, referindo-se ao fato de as comemorações pelo Dia da Indústria, celebrado em 25 de maio, terem chegado ao quinto ano consecutivo no formato atual, percorrendo todas as regiões do Estado. “A gente percebe que a preocupação do empreendedor industrial está latente no Paraná inteiro, e não foi diferente aqui em Curitiba. Mas, apesar da crise e das dificuldades, durante esta Semana da Indústria os empreendedores transmitiram otimismo, serenidade, persistência e união”, completou.
Para Campagnolo, o momento exige que o empresariado e toda a sociedade esteja cada vez mais unida por um país melhor. “A batalha que vem pela frente para vencermos tudo isso que a gente vem presenciando é muito grande”, disse. “A hora de transformar o Brasil é agora. Se não aproveitarmos essa corrente que está tomando o país de Norte a Sul, não conseguiremos mais promover as mudanças. E isso só vai acontecer se estivermos juntos”, declarou.
A necessidade de união e mobilização dos empresários foi ressaltada também pelo vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso Ferreira, que na solenidade representou o presidente da entidade, Robson Braga de Andrade. “Estamos precisando da presença do empresário em Brasília para acompanhar a tomada de decisões. O parlamentar quer falar com o empresário do seu estado, por isso é fundamental a gente fazer nossa mobilização”, disse.
Homenagens
Assim como ocorreu nas cinco solenidades realizadas no interior do Estado na semana passada – em Irati, Pato Branco, Cascavel, Cianorte e Londrina –, em Curitiba a Fiep também homenageou empresários com destacada atuação pelo desenvolvimento do setor industrial paranaense. A medalha do Mérito Industrial foi recebida por João Carlos Perussolo e Sérgio Piccinelli. Já o título de Benemérito da Indústria foram entregues às famílias de Walther Tigges e José Canisso.
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João Carlos Perussolo – Engenheiro civil formado em 1977 pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), o paranaense João Carlos Perussolo está há 35 anos à frente da Construtora San Remo, com sede em Curitiba, que atua no segmento de luxo da construção civil. Em seus projetos, Perussolo aplica as mais modernas tecnologias e desenvolve produtos exclusivos que aprimoram o resultado final de cada empreendimento. São soluções que aliam tecnologia e inovação, com conceitos que elevam a qualidade construtiva e tornam suas obras referências em funcionalidade, sustentabilidade e modernidade.
Atento aos colaboradores, Perussolo mantém quadro próprio de profissionais da construção civil qualificados para executar serviços no segmento em que a construtora atua. Os funcionários, tanto administrativos como os que executam as obras, recebem benefícios como plano de saúde, assistência na educação dos filhos e assistência social. A baixa rotatividade e a elevada motivação da equipe de trabalho garantem o nível de excelência dos empreendimentos da construtora.
“É uma honra ser merecedor desse prêmio, que foi uma surpresa para mim. É um coroamento do trabalho”, disse Perussolo. Ao relembrar sua trajetória como empresário, ressaltou que, pelas características de sua empresa, sempre atenta aos detalhes e voltada para o mercado de luxo, conseguiu sobreviver a várias crises atravessadas pelo país. “Ser empresário no Brasil é viver em um tobogã. Temos que viver às custas de decisões governamentais que nos impõem grandes riscos empresariais, não é possível fazer um planejamento de longo prazo”, declarou.

Sérgio Piccinelli – Responsável pela construção de diversas rodovias no Brasil e por obras de pavimentação urbana em vários municípios do Paraná e de São Paulo, é engenheiro civil formado pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Há mais de 50 anos atua no segmento da construção pesada. Foi chefe do Laboratório de Solos Central do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná (DER) e é sócio-gerente das empresas Gava & Cia Ltda. e Taba e Construções S.A.
Preside o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Paraná (Sicepot/PR) e integra o Conselho Temático de Infraestrutura da Fiep. Atua também no Instituto de Engenharia do Paraná, no Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e no Conselho Consultivo da Associação Paranaense de Empresários de Obras Públicas.
É autor de livros, entre eles, “Lei das Parcerias Público-Privadas Estaduais e Municipais”, e coautor do “PELT 2020 – Plano Estadual de Logística e Transporte do Paraná”.
“É uma honra. Acredito que recebo esta medalha mais pelos meus compromissos como cidadão, por sempre ter cumprido com meus deveres de cidadão”, afirmou Piccinelli.

José Canisso – Formado em Administração de Empresas e Direito, atuou como executivo da área de Gestão de Pessoas em grandes empresas. Foi juiz classista do Tribunal Regional do Trabalho, vogal da Junta Comercial do Paraná e conselheiro do Conselho Estadual do Trabalho, do Conselho Estadual de Previdência Social e da Comissão Tripartite do Ministério do Trabalho.
Foi diretor e sócio-gerente das empresas Servegás, Campolarguense Porcelanas, Revian Representações e Distribuição e Armazéns Gerais Esmeralda. Integrou as diretorias de diversas entidades representativas paranaenses, como a Federação do Comércio e a Federação das Indústrias. Presidiu por 20 anos o Sindicato das Indústrias de Vidros, Cristais, Cerâmica de Louça e Porcelana do Paraná (Sindilouça).
Por 25 anos esteve à frente da organização da Feira da Louça, maior evento do setor realizado em Campo Largo, na região metropolitana de Curitiba. Criou o Arranjo Produtivo Local do município, o APL da Louça. Na luta pela competitividade da indústria nacional, liderou o movimento antidumping sobre a porcelana chinesa. Foi também o grande articulador da campanha de instalação do gás natural nas indústrias.
“Recebemos esta homenagem com um sentimento misto de saudade e orgulho”, afirmou Andrea Canisso Trevisan, uma das filhas do homenageado. “Meu pai sempre estava disposto a procurar o caminho mais sensato na solução de problemas. Era um homem sábio, pessoa ponderada, grande conselheiro, dedicado à família. Foi um homem que cumpriu a sua missão da forma mais brilhante possível”, completou.

Walther Tigges – Nascido em Lagenberg, na Alemanha, em 1919, Walther Tigges veio com a família para o Brasil logo após a 1ª Guerra Mundial. Passou a infância e boa parte de sua juventude em Curitiba. Voltou à Alemanha para estudar, mas precisou interromper seus estudos por causa da guerra. Atingido por uma granada, ficou cego. Após vários tratamentos e cirurgias, recuperou parcialmente a visão.
Em 1951, retornou ao Brasil. Em 1953, fundou a Técnica Nacional Ltda., fabricando bombas de ar para bicicletas, em Curitiba. Qualidade, seriedade e honestidade sempre foram o lema da empresa, refletindo a personalidade do fundador. Foram anos de dificuldades para a família, porém, com perseverança e fé o esforço foi gradualmente recompensado. Em 1966, a Técnica Nacional mudou-se para sede própria e expandiu sua atuação. Anos depois, passou a atuar no ramo moveleiro produzindo corrediças metálicas para gavetas, tornando-se empresa líder de mercado com renome de qualidade.
Com um pensamento que ia além do seu tempo, acreditava que o associativismo era um poderoso instrumento de estímulo e apoio ao desenvolvimento industrial e, consequentemente, o caminho para o fortalecimento e união da indústria nacional. Tigges faleceu em 2013, em Curitiba, aos 94 anos.
Antonio Gerson Fabrício, diretor financeiro da FGVTN, empresa que sucedeu a Técnica Nacional e que permanece ativa até hoje, destacou as características de Tigges que, segundo ele, justificam a homenagem. “Era uma pessoa muito correta, que liderava pelo exemplo”, disse. Também destacou a busca permanente pelo desenvolvimento coletivo de seu setor. “Ele sempre foi filiado ao Sindimetal e acreditava que o associativismo era a saída para a indústria nacional.”