

Um grupo de mais de 200 lideranças do setor produtivo brasileiro se reuniu nesta quarta-feira (8), no Palácio do Planalto, em Brasília, com o presidente em exercício Michel Temer para manifestar apoio a medidas pela retomada do crescimento econômico. Para o presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, que foi um dos articuladores da mobilização, as entidades deram um voto de confiança ao novo governo e, acima de tudo, deixaram claro que turbulências políticas não podem impedir a busca por soluções para a grave recessão econômica em que o país se encontra.
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“Existe uma crise política, mas temos também uma força econômica. Essa crise não pode interferir na economia. O Brasil precisa produzir, precisa arrecadar, fazer com que toda essa máquina seja movimentada”, afirma Campagnolo. “Conseguimos demonstrar que estamos dando um voto de confiança para que o presidente consiga orientar sua equipe econômica para a retomada do crescimento. A questão de ordem política, com tudo que está acontecendo, vai seguir seu caminho, mas a economia não pode sofrer essa interferência. Precisamos urgentemente recuperar quase 12 milhões de empregos que foram perdidos no país”, acrescentou.
Além de Temer, também participaram do encontro alguns dos principais ministros do novo governo: Henrique Meirelles (Fazenda), Eliseu Padilha (Casa Civil), Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Moreira Franco (secretário-executivo do Programa de Parcerias de Investimentos). Para Campagnolo, as mensagens transmitidas pelos ministros mostram que existe um esforço real especialmente para que se encontre um equilíbrio nas contas públicas. “O governo está sinalizando que vai gastar R$ 1 para cada R$ 1 que arrecadar”, disse o presidente da Fiep. “Para nós, isso é fundamental, porque não podemos ter um Estado gastador. Uma empresa que gasta mais do que recebe, vai à falência. Não podemos deixar que o Brasil também vá à falência”, completou.

Segundo Campagnolo, as mais de 200 lideranças presentes no evento saíram do encontro satisfeitas. “Todas essas pessoas representam a força produtiva do Brasil, de diversos setores industriais, comércio, serviços, exportadores, importadores. É a força silenciosa que move o Brasil. Saímos daqui otimistas, voltando para nossos estados transmitindo a confiança necessária para a retomada do crescimento do Brasil”, afirmou.
Medidas
Além do voto de confiança ao novo governo, durante o encontro o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, que discursou em nome do grupo, também destacou algumas medidas emergenciais que podem ser adotadas de imediato para a retomada do crescimento. Entre elas, o compromisso com o não aumento de impostos; a redução da taxa de juros; o incentivo ao crédito; o destravamento de concessões de infraestrutura à iniciativa privada; e o estímulo às exportações.
Skaf também ressaltou a importância de que as discussões políticas não interfiram nas decisões econômicas. “É preciso que tenhamos trilhos separados para a crise política e a crise econômica. Algumas coisas, para o bem do Brasil precisam acontecer, em curto prazo”, ressaltou.
Já o presidente interino Michel Temer afirmou que a presença dos empresários mostra o interesse comum do governo e da iniciativa privada de que o país cresça. “Não se trata apenas de pretender que a sua empresa cresça, mas é a convicção mais absoluta de que se os senhores crescerem o Brasil vai crescer. E é esse o trabalho que os senhores vão fazer”, disse.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, por sua vez, declarou que os objetivos da nova equipe econômica do governo é dar ao Brasil maior produtividade, emprego e renda. Ele argumentou que essa é uma direção que pretende de fato alterar o curso da economia brasileira. “São finalidades declaradas por todos os governos e que está tomando medidas concretas e fazendo o que é necessário não só para entender mas para criar uma linha de desenvolvimento sustentável para as próximas décadas”, explicou.
Segundo ele, o País vive uma crise que pode ser maior até que a grande depressão dos anos 1930. “É uma crise que gerou 11 milhões de desempregados, equivalente à população de Cuba. Nós temos que reverter esse processo e para isso temos de ver o diagnóstico”, afirmou.