Discutir as bases que deverão pautar o desenvolvimento da indústria brasileira na próxima década – especialmente diante dos avanços tecnológicos, dos conceitos de produção sustentável e das mudanças nas cadeias globais de valor – foi o principal objetivo da 13ª edição do Encontro Nacional da Indústria (ENAI), realizado nesta quinta-feira (30), em Brasília. Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o evento reuniu mais de 1,2 mil empresários e representantes do setor de todo o país, incluindo uma comitiva de diretores e executivos da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Leia também:
Fiep participa de encontro da indústria com pré-candidatos à presidência
Com o tema “O desafio da década: construindo o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2033”, o 13º ENAI teve seis painéis de debates, que contaram com a participação de especialistas e industriais envolvidos com as respectivas áreas. Para o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, a ideia era definir as diretrizes de propostas das políticas públicas e das medidas necessárias para que o Brasil e suas empresas possam avançar, a partir da avaliação das tendências e das tecnologias que vão transformar os modelos de produção e de negócios na próxima década.
“Entender esses desafios e traçar as estratégias adequadas para enfrentá-los é imprescindível para garantir o futuro das empresas e o desenvolvimento econômico e social do Brasil”, disse. “O Mapa Estratégico da Indústria, que é um roteiro para a construção de uma indústria competitiva, inovadora, global e sustentável, também pode ser um guia para o Brasil voltar a crescer de forma vigorosa e sustentada, e melhorar a qualidade de vida da população”, acrescentou.
Confira os destaques dos três primeiros painéis do 13º ENAI
Confira os destaques dos três últimos painéis do 13º ENAI
Prioridades
Representantes da Fiep que participaram do ENAI definiram os temas debatidos no evento como essenciais para o futuro do setor, destacando também o papel da entidade para que ações nas diferentes áreas abordadas sejam aplicadas nas indústrias.
Vice-presidente da Federação, Marcus von Borstel ressaltou especialmente a necessidade de avanço nas áreas de inovação e indústria 4.0, tema do primeiro painel do encontro. “Me chamou a atenção pelas soluções e aplicabilidades para a indústria que foram colocadas pelos painelistas. Agora, um desafio é dar mais vazão em rede para essas informações, fazendo com que transitem pelas Federações, chegando até as indústrias, além de ser necessária uma cobrança sobre o governo para que haja sequência nas propostas apresentadas”, disse.
Ele também ressaltou a importância do debate sobre a necessidade de investimentos em educação, fundamentais para a formação de um capital humano capacitado que possa impulsionar o desenvolvimento do país, destacando ainda o papel que entidades como o Sistema Fiep já desenvolvem nessa área. “Na questão da educação, foi falado sobre como os empresários podem influenciar positivamente sobre essa área, que é algo que já é feito pelo Senai e pelo Sesi, por exemplo”, afirmou.
João Alberto Soares de Andrade, também vice-presidente da Fiep, reforçou a necessidade de que os conceitos apresentados no ENAI sejam de fato aplicados por indústrias de todos os portes. “Tivemos aqui grandes corporações falando sobre temas como inovação, educação, responsabilidade social, mas temos também indústrias pequenas. O que precisamos é que isso chegue lá na ponta, começando no chão de fábrica, fazendo com que esses conceitos sejam implementados”, disse. “E essa é uma grande função inclusive nossa, como Federação das Indústrias e Sistema S, de criar programas específicos para que a gente possa cuidar dos nossos negócios e do nosso entorno, crescendo de forma sustentável e sendo disruptivos, com propostas novas”, completou.
Para ele, mobilizações como a promovida pelo ENAI são importantes também para que a indústria mostre seu posicionamento em relação a políticas públicas necessárias para que o setor e a economia evoluam. Um trabalho que, além da CNI, é feito também por outras entidades. “É preciso haver uma conexão entre o que a sociedade precisa e o que a política pública faz. Isso se faz justamente por meio da participação efetiva das entidades, como a Fiep, os sindicatos e as associações comerciais, aqueles que organizadamente se manifestam perante a sociedade civil, fazendo com que isso chegue no processo político, cobrando ações efetivas”, explicou.
Já Abílio de Oliveira Santana, outro vice-presidente da Fiep que participou da comitiva, elogiou o nível dos debates, especialmente em relação à área de ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança). “Me chamou muito a atenção o que está sendo feito pelas empresas na área de ESG e que é pouco divulgado. Essa preocupação ambiental precisa ser de todas as empresas, e é um tema que não é mais para o futuro, ele é urgente e obrigatório para a indústria”, afirmou. “O mesmo vale para a inovação: a empresa que não olhar para isso vai estar fora do mercado”, acrescentou.
Santana ainda classificou como muito importante as discussões sobre políticas educacionais, também ressaltando a qualidade do trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Sistema S. “Em relação à qualificação profissional, o Sesi e o Senai estão fazendo a diferença, com uma educação de primeiro mundo. Temos orgulho disso, porque formam não só profissionais, mas cidadãos”, declarou.